quinta-feira, 11 de junho de 2009

NOVEMBRO, 05 (1915)

Loteria (Lotaria) Portuguesa, com certeza.

Amanheci disposto. Levanto-me cedo e vou ao almoço. Compro a um bilheteiro que aparece ao portão do hotel, e insiste muito, uma cautela para a loteria de amanhã. Ao espelho, noto que tenho o rosto muito mais cheio e fico anarcisado muito tempo, mirando não a minha beleza (que francamente não dá para entusiasmar um artista) mas o progresso que tenho feitoaqui. Devo ter peso bem superior ao que ver ifiquei da ultima vez, o que não posso verificar hoje, pois a balança do médico pode acusar com precisão qualquer diferença. Nada de notável sucedeu hoje. Posso, contudo, registrar a chegada de um casal de velhuscos, balofos e com ares reles e modos excessivamente burgueses e chatos. É gente sem distinção, não há dúvida, pois, pelos modos, se vê quem possui hábitos de gente fina. Quando muito, terão dinheiro, pois este hotel é dos ricos. Talvez o mais pobre mesmo seja eu. Chegam, também, uma senhora e um rapaz que, de primeira vista, achei simpático. Miss Windghton (a enfermeira do argentino) comunica-me que embarca a 12, acompanhada de Miss Sarah Verge (a filha do mesmo). Ambas voltam à Argentina, e Mr. Verge, que está melhoradíssimo, ficará ainda uns meses na Madeira.
Que pena irem-se embora essas duas criaturas com quem já ia eu em tão amistosas relações!

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