domingo, 14 de junho de 2009

OUTUBRO, 07 (1915)

Marcelo Grassmann, sem título gravura em metal
Amanheci me sentindo melhor. Esta manhã tive ainda um escarro de sangue, mas muito ligeiro. Passei o dia lendo o “Almanaque Bertrand” e atacado da mais dolorosa nostalgia.

Lembro-me de Teresina e das pessoas amigas, das Mendes, de madrinha Emília; lembro-me de todos e tenho saudades dos meus como nunca. Que cousa horrível estar absolutamente só como estou aqui, sem uma afeição, sem um conhecido ao menos e, além disto, doente.

O hotel, para completar a minha desolação, está vazio e os únicos hóspedes que ficaram comigo foram: o argentino, filha e a enfermeira. Eles não falam português e só com dificuldades nos entendemos em espanhol, por isto os evito. Há, também, uma senhorita inglesa, Miss Shapland, com quem nunca me entendi e que é como se não existisse. Assim, passei um dia doloroso. Às seis da tarde tive febre (37,4 graus de temperatura) mas agora já não a sinto e tenho apenas 36,9. E vou para cama, resolvendo as minhas saudades. Acabo de escrever esta nota com lágrima nos olhos.

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