domingo, 14 de junho de 2009

OUTUBRO, 13 (1915)

Cristino Castelo Branco e Esmaragdo Freitas

Consegui dormir depois de 2 horas da manhã à ação das pastilhas de bromural. Contudo, amanheci bem disposto e fui à cidade dar segunda prova na roupa que mandei fazer.


Vou à Tipografia Esperança procurar saber quanto sai o livro do Esmaragdo, se ele o quiser tirar aqui e escrevo-lhe mandando o preço (200$ fortes mais ou menos), conforme ele pediu. Escrevo, também, ao Corinto mandando uns versos para serem publicados. Resolvi, de hoje em diante e por minha conta (sem dar satisfação ao médico), usar o agrião em larga escala e recomendo a um criado que me faça comprar, todo dia, um porção dele. Isto foi uma idéia que me veio assim de momento, uma inspiração que talvez me venha salvar.


Quando ao meu estado de saúde nada que mereça atenção.

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Esmaragdo de Freitas

Nogueira Tapety
Pertence ao nobre grupo do eleitos.
É sóbrio em tudo, mas correto em tudo,
E o nome dele é um desses nomes feitos
À custa de talentos e de estudo.
Tem publicado aqui contos perfeitos
E impecáveis na forma, sobretudo;
Mas, criticando, conquistou defeitos,
Pois, criticando, é franco e, às vezes, rudo...
Intransigente e tanto, como artista,
E faz questão cabal pela sintaxe,
Mostrando-se até nisto civilista...
Faz guerra à convenção, faz guerra à praxe
E, em questões de caráter, é purista,
Pois a ninguém se dobra, nem que rache!

(Nascido a 2 de julho de 1887, na cidade de Floriano, no Piauí, Esmaragdo de Freitas e Sousa, apesar de cinco anos mais velho do que eu, foi meu companheiro de turma na Faculdade de Direito do Recife, onde recebemos o grau de bacharel a 11 de dezembro de 1911. Antes cursara o primeiro ano de Medicina na Faculdade da Bahia, resolvendo, porém, abandonar os estudos médicos e aderir ao bacharelismo, que lhe pareceu mais de acordo com as tendências do seu espírito.
No ano da formatura, escreveu em versos, no “Jornal do Recife”, o perfil dos companheiros, dado que ele era, desde aquele tempo, às lides literárias e ao jornalismo, muito ligado então a Adalberto Marroquim, a Da Costa e Silva, a Mário Rodrigues, a Antônio Lopes.
Escrevendo o perfil dos colegas, era natural que um destes escrevesse o dele.Incumbiu-se disso Nogueira Tapety, uma das melhores inteligências da turma, poeta inspirado, arrebatado à vida em plena mocidade – in Escritos de Vário Assunto, Cristino Castelo Branco, Editora Pongentti, Rio de Janeiro, 1968).

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