domingo, 14 de junho de 2009

SETEMBRO, 22 (1915)

Nogueira Tapety e Miguel Rosa

Dormi mal, ou antes não dormi esta noite. Fui vítima de uma terrível insônia e quando consegui fechar os olhos eram quase cinco horas. Levantei-me às dez horas. Desço ao salão de jantar, para o almoço, e encontro a conta debaixo do prato. Fico escandalizado! Cobram-me 4½libras por 7 dias de hospedagem. Pago, contudo, sem protesto. A distinta família a quem me tenho referido ainda almoçou hoje e logo depois foi embarcar no“Adreola”, para Las Palmas.

Passei o dia escrevendo cartas e cartões para o Brasil e que devem seguir amanhã pelo “Hurayna”. Escrevi ao Dr. Miguel Rosa, ao Corinto, às Dª. Emília, Alzira e Rosa Freire, às Mendes, à Dª. Laura Veras, ao Cavalcanti, ao Mirocles, Antônio, Nestor e Merval Veraz, ao Cel. Franklin, ao Verinhas, ao meu pai, ao Jeconias, ao José, Amália, Amélia, Joaquina, Maria de Jesus, à mamãe, ao Pedro Sá.

Antes do jantar desci ao jardim e depois de ter jantado, já quando me recolhia, passaram dois automóveis cheios de rapazes alegres e mulheres do “demimonde”, numa alegria invejável, cantado a vassourinha, mas a vassourinha brasileira autêntica! Ah! meu tempo! Também eu já fui assim e hoje expio o abuso que fiz dessas noitadas alegres. Contudo, não me arrependo, nem me queixo. Aceito o sofrimento de cabeça levantada e rindo da mesma forma que ria ao estragar a vida. Escrevi até onze horas, e nisto se foi o dia.

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