quinta-feira, 11 de junho de 2009

NOVEMBRO, 21 a 29 (1915)

Amante de Chateaubriant, a Condessa Pauline de Beaumont (1768-1803) morreu vitimada pela mesma doença que afligia o poeta
Oito dias de chuva. Não pus o pé fora do hotel. Nem mesmo ao jardim pude ir.
Empolgado pela leitura simultânea da “Conquista de Bizâncio” e da “Contesse Pauline de Beaumont”, não tive tempo nem de escrever as minhas notas. O espaço entre as leituras e as refeições ou entre as refeições e sono eram ocupados por uma preguiça avassaladora e absoluta. Para ser franco, só hoje dou pela falta cometida para com o meu pobre caderno de notas. A saúde, a minha escangalhada saúde, vai sem nenhuma alteração e se alguma há é sempre para melhor. Escrevi hoje um artigalhão para o “Diário da Madeira” sobre a Atlântida, o qual enviei na semana passada a minha “Ode à Madeira”, com uma carta a João de Barros, mais ou menos no teor do artigo acima referido. Foi mesmo da carta que extraí o artigo. Ontem deu-se um fato engraçado comigo. A inglesita que chegou a 16 (a solteira) tem os seus aposentos próximos dos meus, e ontem, julgando que abria a porta do seu quarto, surpreendeu-me a polir as unhas diante do toucador. Ela recuou motivada e muito vermelha balbuciou uma desculpa que eu acolhi com o mais amável dos sorrisos que pude arranjar na ocasião. Podia ter sido muito pior se eu estivesse, por exemplo, em trajes menores. A Senhora Johnson, que foi incumbido pelo comitê da cidade de angariar no hotel donativos para a Cruz Vermelha inglesa, levou-me hoje cinco mil reis para a tal história. Dei-os de boa vontade em atenção ao fim e à pessoa que pedia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário