domingo, 14 de junho de 2009

SETEMBRO, 18 (1915)

Nos jardins do Hotel Belmonte

Dia banal e desinteressante foi este nas suas primeiras horas. Depois do almoço animou-se mais. O Souza traz novos ingleses que tomam cômodos. Há uma bonita senhora trintona e com ares de gente fina; um casal de burgueses (ao que me parece) balofos e um“dandy” que está de vez em quando a consertar o monóculo que traz entalado no olho direito.
Desço ao jardim e depois de um grande passeio volto, tomo um banho e o lanche. Retorno ao jardim, aprecio o banho das inglesas e, à hora do chá, chego à Vila Vitór ia. O tal senhor do casal burguês, que eu chamei balofo, sorri-me amavelmente e trava conversa em português legítimo.Já me parece simpático e descubro nele qualquer cousa de gente fina. A senhora é também muito atenciosa e amável. O jantar foi mais alegre. Converso com esta família sobre cousas brasileiras e troco também algumas palavras em francês com o músico de ontem que fala regularmente esta língua. Depois do jantar vou ao terraço e vejo uma paisagem assombrosamente linda. A lua e seu simples reflexo no mar calmo da enseada do Funchal produz um quadro tão soberanamente belo que só Rembrandt ou Rodembach podiam retratar.

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